quarta-feira, 9 de maio de 2012


No dia 21 de Março, celebrou-se, na Biblioteca César da Silva, em colaboração com o Espaço Teu do CED Pina Manique, o Dia Mundial da Árvore e da Poesia.
Para assinalar a data, algumas turmas foram convidadas a vir dizer um poema, a vir fazer um poema, a vir ouvir um poema e a vir tomar um chá.
O evento contou com a presença de 8 notáveis actores, que gentilmente, a convite do actor Vítor Santos, se disponibilizaram a brindar-nos com a declamação de lindos poemas de grandes autores portugueses.


Maria D'Aires - "É tão fácil amar lugares" - Alice Vieira

                           "Poema do coração" - António Gedeão


Jorge Silva - "Que bom seria!” - Carlos Queirós
                      "Dos pássaros e dos homens" - Joaquim Pessoa



Almeno Gonçalves - "De tarde" - Cesário Verde

                                   "O rio da minha aldeia" - Fernando Pessoa


Patrícia André - "Poema do fecho éclair" - António Gedeão

                           " Cristo Báquico" - Natália Correia


José Eduardo  - "Lágrima de preta" - António Gedeão  

                           "Os olhos das crianças" - Sidónio Muralha


João Ricardo  - "Profecia" - Carlos Queirós

                           "História dum lápis" - Laura Chaves

Joana Brandão – “Não te amo” – Almeida Garrett

                             “Cântico Negro” – José Régio


Sofia Correia – “Elsinore” – Sophia de Melo Breyner

                          “Espera” – Sophia de Melo Breyner


 
O CED Francisco Margiochi associou-se à nossa celebração, enviando-nos um cesto cheio de frasquinhos de mel, com mensagens alusivas à data, os quais foram distribuídos pelos participantes, no final de cada sessão.
Um dos momentos altos desta actividade, foi, sem dúvida a declamação do poema de António Gedeão - “POEMA DO CORAÇÃO”, pela actriz Maria D’Aires e que aqui partilhamos com o leitor.


POEMA DO CORAÇÃO
Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".

Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas (a tricúspide e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.

Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz nos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.

Então meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?
                                                                                António Gedeão